domingo, 29 de março de 2009

Christian Moeller

Light Blaster: Immaterial Membrane - Christian Moeller

http://www.christian-moeller.com/display.php?project_id=14


O arquiteto e artista plástico alemão, Christian Moeller, possui uma interessante obra artística que consegue, de maneira atual e sutil, trabalhar com a questão da interatividade. Depois de pesquisar em seu site suas diversas obras, a que mais me impressionou, foi a mostrada acima, "Light Blaster: Immaterial Membrane", deve ser uma experiência incrível participar dessa montagem/instalação e sentir, vendo e ouvindo, as batidas do seu coração.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Imagem da Performance


Esta é a imagem da nossa performance trabalhada no Photoshop, por mim e pelo Sandro - comandante do arqurban2009. Embasada em nossa leitura do livro de H. Hertzberger, Lições de Arquitetura, enfatizamos como os usuários podem, e têm, a capacidade de modificar o ambiente.

sábado, 21 de março de 2009

Imagem da Pampulha

Como preliminar de nossa visita ao Museu de Arte da Pampulha (MAP), nos foi proposto a construção de uma imagem, usando o Photoshop, embasada em nossas pesquisas sobre o Complexo Arquitetônico da Pampulha. Realmente muita coisa interessante foi encontrada na biblioteca da escola como jornais e revistas da época. Lendo diversos artigos, minha dupla – Letícia, que comanda o letícia valle - e eu, resolvemos fazer uma imagem da Igrejinha.
Projetada por Oscar Niemeyer como último elemento do complexo e finalizada em 1944, a Igreja de São Francisco de Assis foi um dos edifícios mais polêmicos da nova arquitetura da cidade, sendo entregue ao culto somente no final da década de 50. “Alegava-se que aquilo não era igreja; negou-se, sobretudo os painéis e murais expressionistas de Portinari e os nus de Ceschiatti. Nesse interregno o templo, os painéis, os relevos do batistério funcionaram como objetos expostos (e não funcionais) aos curiosos. O templo transformou-se em museu de arte contemporânea e ficou internacionalmente conhecido”. A negação da igreja é compreensível se avaliarmos como a Instituição Igreja se achava desarticulada com a arte da época. Nas palavras do Monsenhor Joaquim Nabuco, membro da Sociedade Brasileira de Arte Cristã (criada em 1947): “A arte a serviço da Igreja terá que ser arquitetonicamente certa, funcionalmente litúrgica, pedagogicamente ortodoxa, objetivamente sacra”. Segundo artigo da Fund. J. P. Belo Horizonte, 13 (5/6) 69-90, mai/jun 1983: “Em termos de espaço arquitetônico há a funcionalidade hierarquizada que a Igreja sempre exigiu, só que apresenta-se mais abrandada. O batistério continua do lado esquerdo, logo na entrada. (...). O altar continua apartado da nave, embora esteja mais próximo e acessível. Externamente as quatro curvas da fachada lembram um certo goticismo, as abóbadas sugerem o encontro de dois arcos levemente ogivais. A torre lateral não é novidade. Encontramo-la assim na capela Padre Faria em Ouro Preto. A liberdade de escolha de lugar para colocar os sinos era garantida pelo Código de Direitos Canônicos. Na torre o uso da madeira entrelaçada sugere o barroco, as inesquecíveis treliças (...). Poderíamos dizer que Niemeyer usa elementos barrocos, góticos e modernos, fazendo com que o concreto armado e o vidro se submetam à forma desejada (...). Logo na entrada, à esquerda (batistério) manda a tradição que haja a cena do batismo de Cristo. O espaço batistério conota a idéia de purgação do pecado original. No entanto, o escultor Ceschiatti contraria essa expectativa da Igreja, colocando em cena a criação do homem até a expulsão do paraíso. Adão e Eva, dois mortais, nus, lançados no mundo, existências cingidas pelo pecado. Ceschiatti enfatizou não a idéia da salvação, mas a dilaceração implícita na concepção de ser cristão. O escultor coloca no bronze que sofrer é uma incontingência, que pecar é quase uma necessidade. Parece que o interior da capela de São Francisco não estimula a ‘adoração’ dos fiéis, e sim o questionamento do ser no mundo e diante de Deus (...). É bem provável que a pintura (e todo o interior da igreja) tenha chocado muito mais que a arquitetura (externa)”.
Tendo essas idéias em mente, fizemos uma imagem que remete o choque ocasionado pela igreja, o interior se refletindo em suas curvas externas. Acrescentamos a isso um efeito distorcido de uma imagem se refletindo na água, fazendo referencia à lagoa.



Abaixo, outra versão da mesma proposta dando ênfase na pintura do altar feita por Portinari:

Mapas

Estão aí, com ligeiro atraso, os mapas das aulas de Plástica e Informática, todos mostram o trajeto CASA -> EA.
O primeiro deles feito à mão, de maneira corrida, foi suporte para nossa primeira proposta de percepção, dinâmica situacionista.

Foto do Google Maps desse mesmo trajeto, ponto A - minha casa e ponto B – EA (desconsidere as bizarrices do trajeto assinalado).
E, por fim, a junção dos dois mapas no Photoshop, com pequenas alterações estilísticas, usando as técnicas aprendidas na aula de Informática.

domingo, 8 de março de 2009

Estratégias do Caminhar

Ainda embevecidos por nossa primeira proposta de percepção, recebemos a tarefa de pesquisar e analisar a evolução das “Estratégias do Caminhar”, como se inserem e relacionam com os espaços urbanos.

O primeiro deles é o flâneur (palavra que no último ano, assim como meus colegas, ouvi à exaustão). Figura errante e descompromissada é muitas vezes confundida com um simples vagabundo. No entanto, o flâneur é acima de tudo um observador/admirador que, passeando junto às multidões, percorre todos os espaços da cidade, fazendo disso matéria-prima de suas críticas e/ou inspirações. Muito desenvolvida por Baudelaire no final do século XIX, inspirado também pelo conto “O homem das multidões” de Edgar Allan Poe, a flânerie influenciou centenas de artistas pelo mundo, como o

brasileiro (que me cansou muito, mas não menos interessante) João do Rio. Em 1962, em seu ensaio “Sobre alguns temas em Baudelaire”, o filósofo Walter Benjamin analisa estes aspectos da poesia baudelaireana, para ele, “dar uma alma a multidão é o verdadeiro objetivo do flâneur”. O poema “A uma passante”, um dos mais populares de Baudelaire, é exemplo claro, da influência que o poeta sofria da cidade:


A rua em derredor era um ruído incomum,
longa, magra, de luto e na dor majestosa,
Uma mulher passou e com a mão faustosa
Erguendo, balançando o festão e o debrum;

Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
Eu bebia perdido em minha crispação
No seu olhar, céu que germina o furacão,
A doçura que embala o frenesi que mata.

Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade,
E cujo olhar me fez renascer de repente,
Só te verei um dia e já na eternidade?

Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!
Não sabes aonde vo
u, eu não sei aonde vais,
Tu que eu teria amado — e o sabias demais!


E para Benjamin “o significado do soneto numa frase é o seguinte: a aparição que fascina o habitante da metrópole – longe de ter na multidão somente a sua antítese, somente um elemento hostil – é proporcionada a ele unicamente pela multidão”.


Em um segundo momento temos a deriva, estratégia surgida na década de 60 dentro do grupo Situacionista. A deriva correspondia ao caminhar sem rumo, porém, enquanto o flâneur se interessava prioritariamente pelas multidões, os Situacionistas viam na arquitetura e no urbanismo os pontos de partida para suas concepções estéticas. Nas palavras do próprio grupo “(a deriva) se mistura à influência do cenário. Todas as casas são belas. A arquitetura deve ser apaixonante. Nós não saberíamos considerar tipos de construções menores. O novo urbanismo é inseparável das transformações econômicas e socias felizmente inevitáveis”.

O que surgiu como um movimento artístico, aos poucos tomou contornos políticos revolucionários, sendo o urbanismo um dos pontos de maior crítica. Para eles qualquer construção dependeria da participação dos cidadãos, o que só seria possível com uma verdadeira revolução cultural, já que o planejador não conseguia captar as reais aspirações da sociedade, “se o planejador não pode conhecer as motivações comportamentais daqueles a quem ele vai proporcionar moradia nas melhores condições de equilíbrio nervoso, mais vale integrar desde já o urbanismo no centro de pesquisas criminológicas”.


Enfim um fenômeno tipicamente contemporâneo, o parkour. Esporte praticado nas cidades, definida por seus praticantes “de arte do deslocamento”, que utiliza várias capacidades do corpo humano para se movimentar no espaço, saltando, se equilibrado e correndo, “dominando” assim, objetos e edifícios.

Mesmo não possuindo um propósito estético (a priori), o parkour se assemelha tanto ao flâneur quanto à deriva: o primeiro se encontra na percepção dos espaços públicos (da cidade como um todo – incluindo seus habitantes) a serem utilizados e o segundo, ao uso e à apropriação de fato para a prática do esporte.


Pra finalizar, vale lembrar o que Nietzsch em Ecce Homo disse: “Estar sentado o menos possível; não confiar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em plena liberdade de movimentos”.

Do nome

A escolha do nome BABA ARQUITETÔNICA remete à longínquos tempos de minha existência (na verdade pouquíssimo tempo) onde a obsessão pela obra de Lygia Clark nomeou a primeira tentativa de conduzir um blog.

BABA ARQUITETÔNICA faz referencia direta à proposição (como a artista gostava de chamar) Baba Antropofágica criada por Lygia em 1973 quando lecionava Comunicação Gestual na Sorbonne. Nascida em Belo Horizonte em 1920, Lygia foi uma das mais instigantes e interessantes artistas brasileiras, sendo um dos nomes mais representativos do Grupo Frente e do Neoconcretismo.

"[...] Lygia Clark acreditava que arte e terapia psicológica andavam de mãos dadas. Tanto que, com base em objetos manuseáveis que criava ou recolhia da natureza, como balões de ar, sacos de terra e água e até pedras, pensava ter o dom de curar os males da alma. Certa feita, uma aluna entrou em transe profundo e caiu desmaiada, durante uma das sessões de arteterapia de Lygia na Sorbonne, em Paris, na década de 70. Dando graças a Deus que não era nada grave, a artista explicou que a jovem não tinha preparo psicológico necessário para suportar os exercícios de sensibilização e relaxamentos, que 'liberavam os conteúdos reprimidos e a imaginação' dos alunos.
Aqueles instrumentos, que nas mãos de Lygia assumiam poderes imprevisíveis, eram chamados por ela de Objetos Sensoriais. Tais objetos nunca foram vistos com bons olhos por psicanalistas franceses e brasileiros, porque ela não tinha formação acadêmica na área. Lygia, por sua vez, não deixava ninguém sem resposta. Comprava briga com qualquer um que ousasse falar mal de seu trabalho, que tinha por trás conceitos dos mais sofisticados, elaborados por ela mesma.
[...] Corajosos eram os que se atreviam a frequentar suas sessões de arteterapia na década de 70. Segundo Lygia, seu método para a 'liberação dos conteúdos reprimidos' era tão eficiente que homossexuais viravam heterossexuais e vice-versa."

In, Istoé, "O brasileiro do século"