domingo, 8 de março de 2009

Do nome

A escolha do nome BABA ARQUITETÔNICA remete à longínquos tempos de minha existência (na verdade pouquíssimo tempo) onde a obsessão pela obra de Lygia Clark nomeou a primeira tentativa de conduzir um blog.

BABA ARQUITETÔNICA faz referencia direta à proposição (como a artista gostava de chamar) Baba Antropofágica criada por Lygia em 1973 quando lecionava Comunicação Gestual na Sorbonne. Nascida em Belo Horizonte em 1920, Lygia foi uma das mais instigantes e interessantes artistas brasileiras, sendo um dos nomes mais representativos do Grupo Frente e do Neoconcretismo.

"[...] Lygia Clark acreditava que arte e terapia psicológica andavam de mãos dadas. Tanto que, com base em objetos manuseáveis que criava ou recolhia da natureza, como balões de ar, sacos de terra e água e até pedras, pensava ter o dom de curar os males da alma. Certa feita, uma aluna entrou em transe profundo e caiu desmaiada, durante uma das sessões de arteterapia de Lygia na Sorbonne, em Paris, na década de 70. Dando graças a Deus que não era nada grave, a artista explicou que a jovem não tinha preparo psicológico necessário para suportar os exercícios de sensibilização e relaxamentos, que 'liberavam os conteúdos reprimidos e a imaginação' dos alunos.
Aqueles instrumentos, que nas mãos de Lygia assumiam poderes imprevisíveis, eram chamados por ela de Objetos Sensoriais. Tais objetos nunca foram vistos com bons olhos por psicanalistas franceses e brasileiros, porque ela não tinha formação acadêmica na área. Lygia, por sua vez, não deixava ninguém sem resposta. Comprava briga com qualquer um que ousasse falar mal de seu trabalho, que tinha por trás conceitos dos mais sofisticados, elaborados por ela mesma.
[...] Corajosos eram os que se atreviam a frequentar suas sessões de arteterapia na década de 70. Segundo Lygia, seu método para a 'liberação dos conteúdos reprimidos' era tão eficiente que homossexuais viravam heterossexuais e vice-versa."

In, Istoé, "O brasileiro do século"



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