sábado, 21 de março de 2009

Imagem da Pampulha

Como preliminar de nossa visita ao Museu de Arte da Pampulha (MAP), nos foi proposto a construção de uma imagem, usando o Photoshop, embasada em nossas pesquisas sobre o Complexo Arquitetônico da Pampulha. Realmente muita coisa interessante foi encontrada na biblioteca da escola como jornais e revistas da época. Lendo diversos artigos, minha dupla – Letícia, que comanda o letícia valle - e eu, resolvemos fazer uma imagem da Igrejinha.
Projetada por Oscar Niemeyer como último elemento do complexo e finalizada em 1944, a Igreja de São Francisco de Assis foi um dos edifícios mais polêmicos da nova arquitetura da cidade, sendo entregue ao culto somente no final da década de 50. “Alegava-se que aquilo não era igreja; negou-se, sobretudo os painéis e murais expressionistas de Portinari e os nus de Ceschiatti. Nesse interregno o templo, os painéis, os relevos do batistério funcionaram como objetos expostos (e não funcionais) aos curiosos. O templo transformou-se em museu de arte contemporânea e ficou internacionalmente conhecido”. A negação da igreja é compreensível se avaliarmos como a Instituição Igreja se achava desarticulada com a arte da época. Nas palavras do Monsenhor Joaquim Nabuco, membro da Sociedade Brasileira de Arte Cristã (criada em 1947): “A arte a serviço da Igreja terá que ser arquitetonicamente certa, funcionalmente litúrgica, pedagogicamente ortodoxa, objetivamente sacra”. Segundo artigo da Fund. J. P. Belo Horizonte, 13 (5/6) 69-90, mai/jun 1983: “Em termos de espaço arquitetônico há a funcionalidade hierarquizada que a Igreja sempre exigiu, só que apresenta-se mais abrandada. O batistério continua do lado esquerdo, logo na entrada. (...). O altar continua apartado da nave, embora esteja mais próximo e acessível. Externamente as quatro curvas da fachada lembram um certo goticismo, as abóbadas sugerem o encontro de dois arcos levemente ogivais. A torre lateral não é novidade. Encontramo-la assim na capela Padre Faria em Ouro Preto. A liberdade de escolha de lugar para colocar os sinos era garantida pelo Código de Direitos Canônicos. Na torre o uso da madeira entrelaçada sugere o barroco, as inesquecíveis treliças (...). Poderíamos dizer que Niemeyer usa elementos barrocos, góticos e modernos, fazendo com que o concreto armado e o vidro se submetam à forma desejada (...). Logo na entrada, à esquerda (batistério) manda a tradição que haja a cena do batismo de Cristo. O espaço batistério conota a idéia de purgação do pecado original. No entanto, o escultor Ceschiatti contraria essa expectativa da Igreja, colocando em cena a criação do homem até a expulsão do paraíso. Adão e Eva, dois mortais, nus, lançados no mundo, existências cingidas pelo pecado. Ceschiatti enfatizou não a idéia da salvação, mas a dilaceração implícita na concepção de ser cristão. O escultor coloca no bronze que sofrer é uma incontingência, que pecar é quase uma necessidade. Parece que o interior da capela de São Francisco não estimula a ‘adoração’ dos fiéis, e sim o questionamento do ser no mundo e diante de Deus (...). É bem provável que a pintura (e todo o interior da igreja) tenha chocado muito mais que a arquitetura (externa)”.
Tendo essas idéias em mente, fizemos uma imagem que remete o choque ocasionado pela igreja, o interior se refletindo em suas curvas externas. Acrescentamos a isso um efeito distorcido de uma imagem se refletindo na água, fazendo referencia à lagoa.



Abaixo, outra versão da mesma proposta dando ênfase na pintura do altar feita por Portinari:

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