Em seu ensaio, Design: Obstáculo para a remoção de obstáculos, Vilém Flusser parte da premissa de que “um ‘objeto de uso’ é um objeto de que se necessita e que se utiliza para se afastar outros objetos do caminho”, cuja contradição é chamada de “dialética interna da cultura”, para criticar e alertar (por que não?) a irresponsabilidade que, por muitas vezes, envolve a criação de um objeto. Para o filósofo a grande questão é como se deve “configurar esses projetos (no caso a criação) para que ajudem (...) (nossos) sucessores a progredir e, ao mesmo tempo minimizem as obstruções em se caminho”. Ao longo da história, os objetos que nos fazem progredir, grandes ferramentas, utilitários, são logo superados e à partir daí se tornam problemas em nossa vivência, não por sua inutilidade e sim, por seu senso restrito de uso condensado ao longo dos tempos. “‘Objeto de uso’ são (...) mediações entre mim e outros homens”, por isso sua configuração deve ser feita com estrema responsabilidade pois, caso contrário, “mais ele estorvará (nossos) sucessores e, consequentemente, encolherá o espaço da liberdade na cultura”. Liberdade esta que só se tornará concreta à medida que tomarmos consciência da “efemeridade de toda a criação”, o que resultará em uma inversão na posição ocupada pelos objetos, em que se tornariam “menos obstáculos e cada vez mais veículos de comunicação entre os homens”.
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